Abordagens policiais resultam em apreensões de armas e munições
24/03/2023Por determinação do TCU armas recebidas por Bolsonaro são entregues à PF
25/03/2023
A Polícia Federal (PF) realizou na manhã da última quarta-feira (22), a chamada Operação Sequaz. O objetivo era “desarticular uma organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades”, sendo uma delas o senador e ex-ministro da justiça do governo Bolsonaro, Sérgio Moro. No entanto, essa operação precisa ser analisada com cuidado.
Segundo os investigadores, a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) teria planejado crimes como homicídio e extorsão mediante sequestro em ao menos cinco unidades federativas: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo.“Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e do Paraná”, informou, em nota, a PF.
Imediatamente, as principais figuras do bolsonarismo associaram a notícia do suposto “plano” a uma entrevista dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao portal Brasil 247, na terça-feira (21). Na conversa, Lula disse que, quando estava preso em Curitiba, queria se vingar do então juiz Sérgio Moro, que comandava a Operação Lava Jato e o condenou a prisão.
O ministro da Justiça e Segurança Publica, Flávio Dino, obviamente repudiou as acusações. “Fico realmente espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria. Investigação essa que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo”, disse. Segundo o ministro, as investigações começaram há 45 dias, após ter sido avisado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que criminosos estariam planejando atentados violentos contra autoridades.
Análise
Essa história é muito estranha. Para começar, não faz absolutamente nenhum sentido que um plano de atentado contra Sérgio Moro aconteça TRÊS ANOS depois dele deixar a pasta do Ministério da Justiça. Se alguma retaliação pudesse acontecer, ela viria imediatamente após alguma medida sua contra o PCC. Em cidades onde o crime organizado atua com mais força, como Manaus e Rio de Janeiro, por exemplo, as reações contra transferência de lideranças ou morte de membros é imediata, como nos ataques de junho de 2021 contra a Capital amazonense.
Outra coisa muito importante: segundo o ministro Flávio Dino, as investigações começaram há 45 dias, ou seja, com os ataques de 08 de janeiro ainda em plena efervecência, após ele ter sido avisado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que criminosos estariam planejando atentados violentos contra autoridades. Esse é o outro ponto a ser levado em conta.
Ora, se foi o presidente do Senado quem recebeu a denúncia, ela muito provavelmente partiu de uma fonte anônima. Até onde se sabe, Pacheco não conta com nenhum escritório de inteligência ou espionagem a seu serviço. Sendo assim, a fonte dessa informação é crucial para entender o caso, visto que ela poderia ser qualquer pessoa.
Outro elemento a ser pensado é o momento no qual a denúncia partiu, ou seja, 10 de fevereiro, quando a configuração do novo governo ainda estava acontecendo, especialmente na Polícia Federal. Sim, é preciso levar em consideração a hipótese de que tudo isso seja armação interna de bolsonaristas (que possuem presença marcante nas forças policiais do país) para tumultuar a opinião pública.
Desde ontem, as redes sociais estão em polvorosa com as teorias mais mirabolantes possíveis, mesmo que a polícia tenha atuado dentro do seu papel: salvaguardar as vidas dos supostos alvos, ao invés de proteger os interesses pessoais do presidente da República, como no passado recente. É preciso entender uma coisa: a extrema direita veio pra ficar. E atuará ativamente, usando todos os recursos que tiver, para derrubar o governo eleito.
É claro que todas as hipóteses precisam ser investigadas, inclusive a de que, de fato, autoridades como Sérgio Moro, sejam alvos de possíveis atentados e retaliações. Mas a lógica não pode ser deixada de lado. E não resta nenhuma dúvida que, esse plano divulgado hoje (aliás, não divulgado, porque até agora não se sabe mais do que o que foi dito em releases) desafia qualquer lógica.
Fonte: Vocativo.com