Oscar Gonçalves do Rosário, que já havia sido preso injustamente morre em acidente

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Foto: Oscar Gonçalves do Rosário/jmais.com.br

 

Oscar Gonçalves do Rosário, 35 anos, que ficou conhecido nacionalmente em 2007, após ser preso  injustamente em Joinville e ficar encarcerado durante três anos, morreu após ser atropelado no início da noite de quinta-feira (29). O acidente ocorreu em Porto Alegre. De acordo com familiares, Oscar estava na capital gaucha a trabalho. Segundo informações, ele trabalhava como ajudante de caminhoneiro, e sofreu a fatalidade quando retornava ao caminhão depois de comprar um lanche e ser atingido por uma caminhonete desgovernada, que invadiu a calçada e o atingiu.  Oscar não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Ele residia em Canoinhas, onde o corpo deve chegar às 21 horas desta sexta-feira (30).

Relembre o caso

Dia 3 de março de 2007 – Gabrielli Cristina Eichholz é encontrada agonizando em uma pia batismal de uma igreja Adventista do Sétimo Dia. A menina morre ao dar entrada no hospital Regional Hans Dieter Schmitd. O corpo é levado ao Instituto Medico Legal, onde, inexplicavelmente, surge a suspeita de abuso sexual. Nenhum médico legista é localizado para realizar a necropsia. O médico João Domingos Koerich, que nunca havia feito uma autópsia, é designado para o exame e atesta morte por afogamento; entretanto relata no laudo de poucas linhas uma ruptura perianal (que legistas mais experientes disseram não ter existido). A versão de crime sexual vira documento. O caso ganha destaque na mídia nacional.

8 de março de 2007 – O delegado-chefe da Polícia Civil Mauricio Eskudlark anuncia um exame de DNA com o material colhido no corpo da menina que jamais seria realizado. Eskudlark voltou para a Capital e não se pronunciou mais sobre o assunto.

12 de março de 2007 – O então suspeito Oscar Gonçalves do Rosário é preso em sua residência em Canoinhas, Planalto Norte de Santa Catarina.

13 de março de 2007 – Uma reconstituição tumultuada é realizada as pressas. Mais imprecisões aconteceram. No dia da morte da menina, acontecia na igreja um culto de inauguração do templo. Mais de 200 pessoas estavam presentes no local, e o pátio onde supostamente estaria Gabrielli estava repleto de automóveis estacionados, além de diáconos que cuidavam dos veículos.

11 de maio de 2007 – A justiça determina a quebra do sigilo de telefone público localizado na rua Riacho de Santana. Oscar dizia que havia ligado naquela manhã para a família pedindo uma passagem para retornar a Canoinhas. A ligação foi efetuada praticamente na mesma hora que encontraram a menina. Fato confirmado na época pela Brasil Telecom.

16 de agosto de 2007 – o médico João Domingos Koerich dá entrevista ao jornalista Rogério Giessel, do jornal A Gazeta de Joinville, reconsidera o próprio laudo. Ele destacou que em nenhum momento o laudo necroscópico elaborado por ele mencionava  violência sexual contra a garota, e que a causa da morte, seria afogamento.

23 de agosto de 2007 – O legista Nelson Quirino, que atuou por mais de 25 anos no Instituto Médico Legal de Joinville, depõe como testemunha da defesa. Quirino confirma que era capaz de produzir um laudo através das fotos da necropsia e que não havia sinais de violência sexual.

11 de outubro de 2007 – A defesa de Oscar recebe ajuda da maior autoridade em medicina legal do Brasil, o médico legista Fortunato Badan Palhares. O titular de Medicina Legal da Unicamp criticou o laudo que a Polícia e o Ministério Público usaram para fundamentar a acusação. Segundo ele, o “laudo” de poucas linhas não traz o mínimo de informação sobre o corpo da vítima, e apresentava erros gritantes

20 de maio de 2008 – Justiça define o dia 14 de agosto como a data em que Oscar Gonçalves do Rosário seria submetido a Júri Popular.

15 de agosto de 2008 – depois de mais 20 horas de julgamento, Oscar é condenado a 20 anos de prisão.

25 de março de 2010 – O Tribunal de Justiça de Santa Catarina entende que Oscar teve seus direitos constitucionais cerceados e de que não havia provas que o incriminasses e anula o processo e determina a sua imediata liberdade.

06 de julho de 2010 – O Ministério Público de Santa Catarina recorre da decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

29 de julho de 2010 – Seis desembargadores em decisão unânime resolveram rejeitar o recurso do Ministério Público.

 

 

 

 

JORNALISTA ROGÉRIO GIESSEL

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